MidiÁsia

O mundo contemporâneo passa por efervestentes transformações nos âmbitos político, econômico e cultural. Se, no passado, a Civilização Ocidental foi entendida através de uma superioridade absoluta, o momento presente nos revela novas nuances que apontam para uma maior multipolaridade global. O Japão despontou internacionalmente com a sua cultura pop ainda no século XX, seguido pela Onda Coreana que não pára de crescer e conquistar novos adeptos nesse início do século XXI. A China hoje é a segunda maior economia do mundo e a primeira em poder de paridade de compra, além de ser um gigante tecnológico. Para além do leste-asiático, podemos destacar a Índia com as suas diversas indústrias cinematográficas (Bollywood, Tollywood, Kollywood e outras), ou a Nigéria despontando com a terceira maior indústria no setor (Nollywood). Também há o caso das produções seriadas televisivas turcas (dizis) que têm ampliado o seu escopo de exportaçao nos últimos anos.

 
Saindo do campo do audiovisual, temos o jornalismo da Al-Jazeera que pode ser entendido como um modelo alternativo ao Ocidental e o esforço empreendido pela Rússia em internacionalizar a sua mídia através de plataformas como a Russia Today (RT). Em termos de dimensão e potencial de mercado, vale acentuar que o bloco dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), sozinho, representa cerca de 41% da população mundial, 30% da área geográfica global e é esperado que essas nações desempenhem um papel ainda mais importante na política global. Mais 13 países, dentre os quais a Argentina, o Egito e a Indonésia, pediram formalmente para ingressar no grupo.

 
O mundo contemporâneo é muito mais vasto e diverso do que as lentes ocidentais nos permitiram enxergar desde o fim da Guerra Fria. Ademais, o Ocidente vem sofrendo sérios baques: o envolvimento com a “guerra ao terror”, a crise de 2008 e a ascensão da extrema direita em diversos países são alguns dos casos. O cenário de crise institucionalizada e descrédito político-científico foi agravado pela recente pandemia de COVID-19 que afetou o mundo todo e o Ocidente falhou em fornecer respostas. Nesse novo momento, campanhas de desinformação sobre o vírus, sobre a China e a população amarela circularam a todo vapor, ampliando a crescente desconfiança da população a respeito das instituições, tal qual o mundo que a gente conhecia. Quais soluções são propostas para se enfrentar esse conturbado momento atual?


Diante desse contexto, acreditamos que as respostas possíveis precisam ser encontradas em fontes que outrora foram ignoradas. Para lidar com o presente e com o futuro que já está por vir, não basta mais olharmos para os modelos fornecidos pelos Estados Unidos e pela Europa Ocidental. Precisamos redirecionar o nosso olhar e estarmos atentos ao que defendemos enquanto o mundo majoritário.

 
Por esta razão, em 2023, o MidiÁsia cede espaço para a criação do MidiÁsia+: uma iniciativa que busca contemplar uma abordagem que valorize a pluralidade de perspectivas e panoramas midiáticos do mundo majoritário. Nossos objetivos centrais consistem no desenvolvimento de uma rede acadêmica internacional integrada e disposta a promover o diálogo e a cooperação entre as nações pertencentes ao mundo majoritário para o enfrentamento dos desafios informacionais globais presentes no século XXI.

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